O Reino Unido e a Irlanda estão à procura de enfermeiros recém-licenciados em Portugal e largas centenas destes profissionais portugueses já estão a trabalhar nestes países, com salários que vão dos 1.700 aos dois mil euros líquidos mensais. "Enviamos centenas de enfermeiros para estes países. Só o ano passado, passaram-nos pelas mãos cerca de 900", afirma Ana Campos, ‘manager' em Portugal da Best Personnel, consultora de recrutamento irlandesa especializada na área da saúde.

"Os enfermeiros vão sobretudo para a Europa e mais para o Reino Unido e Irlanda, mas também, embora em menor número, para a Alemanha, Holanda, Bélgica, França e alguns para a Arábia Saudita", acrescenta Ana Campos. A Best Personnel envia para fora sobretudo enfermeiros, embora também, em muito menor número, fisioterapeutas e alguns médicos.
O Reino Unido e a Irlanda procuram estes profissionais para trabalharem nas chamadas ‘nursing homes': instituições privadas que oferecem acomodações residenciais e cuidados de saúde, especialmente para os mais idosos. No caso dos enfermeiros com mais experiência são oferecidos salários mais elevados, mas são mais procurados para cargos de gestão ou para hospitais.

Fernando Neves de Almeida, presidente da ‘executive search' Boyden em Portugal, confirma que "o Reino Unido está a fazer muito recrutamento fora do país de profissionais de saúde sobretudo enfermeiros".

Os enfermeiros recém-licenciados querem sair de Portugal "porque não têm trabalho ou porque têm uma situação profissional precária e mal paga. Chegam a oferecer-lhes menos de quatro, cinco euros à hora", diz Ana Campos com base nos relatos que lhe fazem os jovens que vão ter com ela à procura de emprego fora.

Países exigem conhecimento da língua

No caso da Alemanha, o país prefere enfermeiros que saibam falar a língua e está a optar por oferecer cursos de alemão, que os profissionais começam a frequentar ainda em Portugal. Quanto à Holanda, "temos uma colega na consultora que ensina a língua antes de partirem", revela a consultora e ‘manager' da Best Personnel.
"Há uma grande vantagem na aprendizagem da língua. Na Alemanha e Holanda exige-se, pelo menos, vontade de aprender a língua. E_preferem claramente quem fale o idioma", sublinha Fernando Neves de Almeida.

Na Arábia Saudita, "colocamos algumas enfermeiras, porque o país prefere mulheres nesta profissão e facilita os vistos. Mas não há muita gente a querer ir, porque é um país exigente psicologicamente, com uma cultura muito diferente", acrescenta Ana Campos, sublinhando que, apesar disso, quem lá está dá um ‘feed back' muito positivo das condições oferecidas. Além de bons salários, têm direito a alojamento gratuito, três refeições pagas por dia, pacotes de viagens para o país de origem, 46 dias de férias e seguro de saúde. Os requisitos principais exigidos são experiência profissional mínima de três anos, além do bom nível de inglês.

Segundo a ‘manager' da Best Personnel, as empresas estrangeiras que recrutam em Portugal ficam, normalmente, satisfeitas com os enfermeiros portugueses e, por isso, voltam. Consideram que "têm boa preparação universitária, experiência de trabalho em várias áreas e adaptam-se rapidamente às línguas estrangeiras"

Oportunidades pelo mundo

BRASIL
O Brasil mantém-se como um país com boas oportunidades de emprego para os portugueses e os engenheiros são os mais procurados, em grande parte para a construção civil, com a realização _no país dos Mundial de Futebol, em 2014, e _dos Jogos Olímpicos, em 2016. O problema _é que alguns profissionais, como precisamente _os engenheiros e arquitectos, não vêem os seus diplomas académicos reconhecidos no Brasil , ficando impedidos de assinar projectos. Muitos optam por trabalhar em parceria com engenheiros brasileiros para contornar o problema. Outro obstáculo é a obtenção de visto de trabalho, já que as empresas brasileiras são legalmente obrigadas a ter dois terços de trabalhadores brasileiros para um terço de estrangeiros, pelo que acabam por ir muitos portugueses e estrangeiros em geral como gestores e depois são contratados recursos locais para funções abaixo._Os salários no Brasil são mais altos que em Portugal, mas o custo de vida nas principais cidades está a disparar

MOÇAMBIQUE E ANGOLA
"Moçambique começa a ser uma janela de oportunidade. É o destino que está a subir mais", diz Fernando Neves de Almeida, presidente _da Boyden Portugal. Vários sectores representam oportunidades neste país: obras públicas _e construção civil, energia, formação profissional e educação, novas tecnologias de informação _e comunicação, transportes, logística e hotelaria, entre outros. O grande obstáculo à emigração para Moçambique prende-se com os vistos de trabalho. O_mesmo obstáculo que enfrenta quem quer ir para Angola, que continua a precisar de profissionais para várias áreas como construção, petróleo e minérios, áreas de recursos humanos _e financeira. Nos dois países os salários são aliciantes comparativamente a Portugal, mas _o custo de vida já começou a subir em Angola _e Moçambique está a ir pelo mesmo caminho. "Maputo começa a ter custos próximos de Luanda, por exemplo, a nível do arrendamento", diz Fernando Neves de Almeida.

Europa
Alguns países europeus estão a recrutar em Portugal, sobretudo engenheiros, com destaque neste momento para "Alemanha e Holanda", segundo o consultor de recursos humanos e presidente da Boyden Portugal, Fernando Neves _de Almeida. Outros países europeus, como os nórdicos Noruega e Suécia ou Dinamarca, têm vindo a feiras em Portugal procurar engenheiros mecânicos e electrotécnicos, muitos deles para trabalharem no sector petrolífero ou consultoras na área do petróleo e do gás. No caso da Alemanha está a exigir, cada vez mais, que os candidatos falem a língua local e não apenas o inglês, pelo que apostar numa segunda língua estrangeira - francês ou alemão - já foi identificado pela consultora Pagegroup, num estudo feito recentemente, como um investimento com rápido e garantido retorno profissional para os engenheiros. A boa notícia _é que, por exemplo no caso da Alemanha, _as empresas estão a pagar os cursos de alemão para os portugueses irem para lá trabalhar.

Países árabes
Não se trata propriamente de um movimento de emigração em massa, mas estão a ir portugueses, incluindo mulheres, trabalhar para países árabes. _A Best Personnel (agência de recrutamento especializada na área da saúde) está a recrutar enfermeiros para a Arábia Saudita, com oferta _de boas condições (ver texto ao lado). "Não temos muitas candidaturas porque o país é exigente psicologicamente pela própria cultura que é muito diferente. Mas o feedback que temos de quem lá está é muito bom", diz Ana Campos, ‘manager' da Best Personnel para o Sul de Portugal e Ilhas. Além disso, os Emirados Árabes Unidos vieram recrutar engenheiros, em Outubro. A Qatar Airways esteve em Portugal, em Novembro, numa acção de recrutamento. Também Abu Dhabi colocou, no final do ano passado, ofertas de emprego na página _do Facebook "Portugueses à volta do mundo (Oportunidades)". "Estes países precisam _de recursos sobretudo para funções técnicas", confirma Fernando Neves de Almeida, presidente da ‘executive search' Boyden Portugal.

Nota: Artigo publicado no suplemento de Universidades na edição impressa do Diário Económico de 21 de Janeiro

 http://economico.sapo.pt/noticias/conheca-as-oportunidades-de-emprego-pelo-mundo_160751.html

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Embora esse artigo seja de 2 anos atras , algumas dessas afirmacoes continuam atuais e verdadeiras.

Depois de 10 anos morando aqui na Irlanda, eu vejo que paises em boa condicao economica , como este, estao sempre a procura de bons profissionais, especialmente na area da Medicina, Ortodontia etc.

Ao visitar hospitais na area, verificamos que grande parte dos enfermerios sao estrangeiros, no caso aqui de Dublin , estao sao predominantemente originarios das Filipinas . 

O problema e` que , obviamente e` necessario um bom nivel de ingles, principalmente tecnico na area de enfermagem, e o reconhecimento do Diploma.